domingo, 8 de agosto de 2010

Spleen - LXXVII de Charles baudelaire

Quando, pesado e baixo, o céu como tampa
Sobre a alma soluçante, assolada aos açoites,
E que deste horizonte, a cercar toda a campa
Despeja-nos um dia mais triste que as noites;

Quando se trnsformou a Terra em masmorra úmida,
Por onde essa esperança, assim como um morcego
Vai tangendo paredes ante uma asa túmida
Batendo a testa em tetos podres, sem apego;

Quando a chuva estirou os seus longos filames
Como as grades de ferro em uma ampla cadeia,
E um povoado mudo de aranhas infames
Até os nosso cérebros estende as teias,

Súbito, os sinos saltam com ferocidade
E atiram para o céu um gemido fremente,
Tal aquelas errantes almas sem cidades
Que ficam lamentando-se obstinadamente.

- E féretros semfim, sem tambor ou pavana,
Lentos desfilam dentro mim; e a Esperança.
Vencida, chora, a Angústia, feroz e tirana,
A negra flâmula em meu curvo crânio lança.

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Li a poesia e só depois percebi de quem era!!! kkkkk

    Gosto demais da musicalidade ritmica do baudelaire!

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