terça-feira, 22 de junho de 2010


minha nova colagem, se chama Camâra secreta da natureza, apreciem:

Um toque de ateu

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Tragédia de Epicuro - Bruno Pontual


Retorna a faca ao rosto decapitado,
Um soldado romano observa o corpo estremecido.
Critos ecoam no palácio.
Com a mesma faca um idiota ponhe fim a vida.
Onde mora a covardia aqui?
E a fraqueza?
Que os canibais se alimentavam?
Do que eles precisavam?
Uma faca é um insulto?
Entro em um portal.
E vejo o significado do homem
Nas estatúas que decoram este salão.
Comparo aos corpos caídos das batalhas.
então passavam a procurar, dizendo: "Procuram quem matou esse homem?
Do contrário, qual seria o destino de quem o matou?
Nesse momento, Epicúro renasce.
Para colher os frutos.
daquilo que semeou.
Retorna a faca ao rosto decapitado,
Um soldado romano observa o corpo estremecido.
Critos ecoam no palácio.
Com a mesma faca um idiota ponhe fim a vida.
Onde mora a covardia aqui?
E a fraqueza?
Que os canibais se alimentavam?
Do que eles precisavam?
Uma faca é um insulto?
Entro em um portal.
E vejo o significado do homem
Nas estatúas que decoram este salão.
Comparo aos corpos caídos das batalhas.
então passavam a procurar, dizendo: "Procuram quem matou esse homem?
Do contrário, qual seria o destino de quem o matou?
Nesse momento, Epicúro renasce.
Para colher os frutos.
daquilo que semeou.

domingo, 20 de junho de 2010

Caractéristica do ser

Um carro denominado maçã.
Um campo sujo e incolor.
O riso froxo se lamentou
Do pequeno vaso que quebrou.

Ai dos panos ensanguentados,
Ai dos sonhos assim derramados
Em cheiro forte e lento,
Faz a música do meu passado.

Então eu declaro em meu delírio,
A fome de meu espiríto,
Tal manada que avança sem perigo,
A minha sede de ser feliz.

"Sou vitíma" já disse um dia,
Noutro dia disse: "estou livre"
Enfim já digo cansado,
O sonho já supriu meu medo.

O medo de contar histórias,
O rei amaou a rainha,
E eu não amei ninguém.

Contatos (Uma medida interna)
Sou vitíma do meu hedonismo,
Escuto um assóbio me chamando,
Diante de um rio de palavras.
Entro com botas saltitantes, na mata.
De súbito, eu encontro com meu ser,
Que estava a fugir de mim.
É um grande apaixonado.
Livros amarelos consomem minha mente.
Vejo uma sombra me perseguindo.
Porém me apóio em uma mesa.
Para pensar.
Não consigo alcançar os livros que estão ao meu lado.
Mas consigo pegar um espelho para me abençoar.
Uma festa se manifesta em minha mente.
Mas antes uma bomba estoura
E meus neurônios se espalham sobre a mesa.
Pulsando a todo vapor
Com o sangue derramado, machando os livros sagrados.

Epópeia em mim


Na caverna se reuniam os bichos
Na casa a família estava a se divertir,
Enquanto os vagalumes invadiam o seu lar,
estavam esperando a visita do gigante Salazar,
Era a morte, com quem iriam se casar.
Grunhiram os seres subterrâneos,
Caiam lágrimas na fonte.
Semearam as flores de sol na terra apodrecida.
Que maldita seja tua semente!
"Vamos ao paraíso?"perguntou a donzela ao seu amante
enquanto descançavam em baixo de uma arvôre,
abriu o caderno de sua coleção de folhas mortas.
Levantou-se animada, então voltaram a caverna dos bichos.
Ela tinha fugido de casa.
Então a terra cai em um grande dilúvio,
e o garoto ainda está em devaneio,
recolhendo metade de suas faces.
Me recolho a força dos asteroide.
Me encaminho até o quarto de fogo,
Durmindo com as salamandras poderei morrer feliz.

sexta-feira, 11 de junho de 2010







Essa é a tradução de Super ready, uma música incrivel do Genesis do álbum Foxtrot.



I-O salto dos amantes

Andando pela sala de estar, desligo a tevê.
Sentando-me ao seu lado, olho nos seus olhos.
À medida que o som dos motores dos carros desaparecem na noite,
Juro que vi sua face mudar, não parecia muito bem.
... E é 'olá, querido', com seus olhos protetores tão azuis
Ei, minha querida, não sabe que nosso amor é verdadeiro?

Aproximando-se com nossos olhos, uma distância envolve nossos corpos.
Lá fora no jardim, a Lua parece bem brilhante,
Seis santos homens encapuçados se movem lentamente pelo gramado.
O sétimo anda em frente, segurando no alto uma cruz.
... E é 'olá, querido', seu jantar está esperando por você
Ei, minha querida, não sabe que nosso amor é verdadeiro?

Estive muito longe daqui
Longe dos seus queridos braços.
É bom senti-la novamente,
Foi um tempo muito, muito longo. Não foi?

II-O homem do santuário eterno garantido

Conheço um fazendeiro que cuida da fazenda.
Com água cristalina, ele cuida de toda sua colheita.
Conheço um bombeiro que cuida do fogo.

Não podem ver que ele enganou a todos vocês?
Sim, ele está aqui de novo, não podem ver que ele enganou a todos vocês?
Compartilhem sua paz,
Assine a partilha.
Ele é um cientista supersônico,
Ele é o homem do santuário eterno garantido.
Vejam, vejam dentro de minha boca, grita ele,
E todas as crianças perderam-se de seus caminhos,
Aposto minha vida que entrará
De mãos dadas
De glândulas dadas
Com uma pitada de milagre.
Ele é o homem do santuário eterno garantido.
Nós o chacoalharemos, o chacoalharemos, pequena cobra,
Nós o manteremos confortável e quente.

III-Ikhnaton e Itsacon e suas turmas de homens joviais

Vestindo sentimentos em nossas faces enquanto nossas faces descansam,
Andamos pelos campos para ver as crianças do Ocidente,
Mas vimos uma horda de guerreiros de peles negras
Jazendo imovéis sob o solo,
Esperando a batalha.

A luta começou, eles foram soltos.
Matando inimigos pela paz... bangue, bangue, bangue. Bangue, bangue, bangue...
E eles estão me dando uma poção maravilhosa,
Porque não posso conter minhas emoçoes.
E ainda que me sinta bem,
Algo me diz que é melhor que ative minha cápsula de preces.

Hoje é dia de festa, os inimigos encontram seu destino.
A ordem de se alegrar e dançar partiu de nosso comandante.

IV-Como ouso ser tão belo?

Vagando pelo caos deixado pela batalha,
Escalamos montanhas de restos humanos,
A um platô de grama verde, e árvores verdes cheias de vida.
Uma jovem pessoa sentava-se quieta ao lado de uma piscina,
Tinha sido carimbado como "bêicon humano" por alguma ferramenta de açougue.
(Ele é você)
A previdência social cuidou desse rapaz.
Observamos reverentemente, quando Narciso vira uma flor.
Uma flor?

V-Fazenda do Chorão

Se você for até a Fazenda Willow
procurar por borboletas, tremuletas, esgotoletas
Abra os seus olhos, está cheio de surpresas, todos mentes,
como a raposa sobre as pedras,
e a caixa de música.
Sim, há mamãe e papai, e bons e ruins,
e todos estão felizes de estarem aqui.

Há Winston Churchill usando saias,
Ele costumava ser uma bandeira britânica, um saco plástico, que mala.
O sapo era um príncipe, o príncipe era um tijolo, o tijolo era um ovo, o ovo era um pássaro.
(Voe para longe, pequena coisinha, eles estão atrás de você)
Não ouviu?
(Eles vão transformá-lo em um ser humano!)
Oba, estamos tão felizes quanto um peixe e belos quanto um ganso,
e maravilhosamente limpos na manhã.

Temos tudo, cultivamos tudo,
Temos alguns dentro
Temos alguns fora
Temos algumas coisas malucas flutuando em volta
Todo mundo, estamos mudando todo mundo,
Diga o nome de alguém,
Estão todos aqui,
E as estrelas verdadeiras ainda estão por vir.

MUDE TUDO!

Sinta seu corpo derreter;
Mamãe para a cancã para cai-cai para papai
Papai no escritório, papai no escritório,
Você está cheio de baboseiras.

Papai para mamãe
Papai para pagai para pães para mamãe
Mamãe no tanque, mamãe no tanque,
Você está cheio de baboseiras.

Deixe-me ouvir suas mentiras, estamos vivendo isso até os olhos.
Uuii-uuii-uuii-uuaaa
Mamãe, eu a quero agora.

E enquanto você escuta minha voz
Para procurar por portas escondidas, chãos arrumados, mais aplausos.
Você esteve aqui por todo o tempo,
Goste ou não, goste do que você tem,
Você está sob o solo (o solo, o solo),
Sim, no fundo do solo (o solo, o solo, o solo!).
Então, terminaremos com um assobio e um barulho
E todos nós nos ajustamos a nosso devido lugar.

VI-Apocalipse em 9/8 (coestrelando os deliciosos talentos de Gabble Ratchet)

Com os guardas de Magog, chegando aos montes,
O flautista colorido leva suas crianças para o subsolo.
Dragões vindos dos mares,
Cabeças prateadas tremulantes de sabedoria me olhando.
Ele traz o fogo dos céus,
Você pode dizer que ele está se saindo bem pelo olhar dos humanos.
Melhor não se comprometer/
Não será fácil.

666 não está mais sozinho,
Ele está saindo da medula em sua coluna,
E sete trompetes soprando o doce roquenrol,
Vai explodir dentro da sua alma.
Pitágoras com a lente reflete a lua cheia,
Com sangue, ele está escrevendo a letra de uma nova canção.

E é "olá, garota", com seus olhos protetores tão azuis,
Ei, minha garota, você não sabe que nosso amor é verdadeiro?
Estive muito longe daqui,
Longe dos seus braços queridos,
Agora estou de volta e, garota, vai dar tudo certo.

VII-Tão certo quanto ovos são ovos (pés de homens doendo)

Você não sente nossas almas pegando fogo?
Derramando cores que se mudam, na escuridão da noite que se esvai,
Como o rio se une ao oceano, como o gérmen na semente cresce
Finalmente fomos libertos para voltar para casa.

Há um anjo sentado no sol, e ele está gritando com um voz alta,
"Esse é jantar do todo-poderoso",
O Senhor dos Senhores,
Rei dos Reis,
Retornou para levar suas crianças ao lar,
Para levá-las à nova Jerusalém.

quarta-feira, 9 de junho de 2010


Aqui está, o meu desenho gráfico. Chama-se Niilismo, é um desenho de inspirações surrealistas sobretudo mais diretamente do pintor espanhol Joan Miró.
Espero que gostem.

sábado, 5 de junho de 2010


Nursery crime foi o terceiro disco do Genesis, qual consolidou sua carreira. Foi nesse periodo que a banda apresentou sua formação clássica, com o baterista Phil Collins e o guitarrista Steve Hackett.
O disco inicia com Musical Box, um grande épico sobre a trajetoria de um senhor em que está perdido em suas próprias fantasias, Peter Gabriel faz uma grande execução no vocal, com toda emoção que ela exige. Então o disco desagua numa singela canção, chamada For absent friends, logo assume um tom irônico em Return for a giant hogward, não se engane pelo tom infantil dessa música,
rapidamente ela se torna agressiva finalizando em um grande estrondo, isso acabou se tornando uma particular caractéristica do Genesis.
Em Seven stones o disco entra em um momento de crise, é uma música fascinante porém ás vezes assustadora, Tony Banks usa o mellotron com maestria. Na musica seguinte a banda exalta suas raizes inglesas, com Harlequin torna um memoravel canção folk,
então o disco fecha com chave de ouro em Foutain of Salmacis, apresenta um ritmo irresistivel e um jogo com vocais que formam a musica mais complexa ainda. É um disco único e perfeito, é muito dificil encontrar alguém que não goste dele.

Antologia de criança


Bruno Pontual 05/06/2010

Uma criança de rosto peludo
rouba um pão.
Fomentada com seu próprio caráter.
Fui seduzido pelo seu ar de fera ardente,
e ao andar as ruas da pequena cidade,
fui engolido por um cabra.

Um garoto espetado pelo pai.
faz dele um herói,
pois foi ele que ajudou a manter sua vida até o último suspiro.
Hoje lamento pela sua morte,
mas não tenho muito tempo,
tenho que fugir pela janela.

Fujo pensando nele,
e em todas as crianças perdidas,
Choronas e sem futuro,
serei eu o proximo?
há matar ou morrer?
Mas, de qualquer modo acabo dando uma gargalhada.
Não sou mais o que eu era.


Me vejo diante de crianças degoladas,
mas que direito eu tenho achar engraçado?
elas são deturpadas por um monstro virginal.
num quarto vazio e sem luz.
Ele era filho de Eva.
Ou seria neto?

Somos todo nós filhos de quem afinal?
partiremos da terra prometida para amar.
Que inútil, que inútil.
Só uma ovelha inocente mantém a fonte de todo amor.
E essa fonte não seca.
Finalmente realmente útil.

Dentro de si um cajado proeminente,
no meio da sala um bezerro,
chorando as magóas de sua mãe,
afastado em fim de seu ninho.
era um bom selvagem.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Poemas surrealistas de Paul Eluard

Irei postar alguns poemas de Paul Eluard, um famoso poeta do surrealismo cujo consagrou a técnica da escrita automática:

A Morte o Amor a Vida

Julguei que podia quebrar a profundeza a
[imensidade
Com o meu desgosto nu sem contacto sem eco
Estendi-me na minha prisão de portas virgens
Como um morto razoável que soube morrer
Um morto cercado apenas pelo seu nada
Estendi-me sobre as vagas absurdas
Do veneno absorvido por amor da cinza
A solidão pareceu-me mais viva que o sangue

Queria desunir a vida
Queria partilhar a morte com a morte
Entregar meu coração ao vazio e o vazio à vida
Apagar tudo que nada houvesse nem o vidro
[nem o orvalho
Nada nem à frente nem atrás nada inteiro
Havia eliminado o gelo das mãos postas
Havia eliminado a invernal ossatura
Do voto de viver que se anula

Tu vieste o fogo então reanimou-se
A sombra cedeu o frio de baixo iluminou-se de
[estrelas
E a terra cobriu-se
Da tua carne clara e eu senti-me leve
Vieste a solidão fora vencida
Eu tinha um guia na terra
Sabia conduzir-me sabia-me desmedido
Avançava ganhava espaço e tempo
Caminhava para ti dirigia-me incessantemente
[para a luz
A vida tinha um corpo a esperança desfraldava
[as suas velas
O sono transbordava de sonhos e a noite
Prometia à aurora olhares confiantes
Os raios dos teus braços entreabriam o nevoeiro
A tua boca estava húmida dos primeiros orvalhos
O repouso deslumbrado substituía a fadiga
E eu adorava o amor como nos meus primeiros
[tempos

Os campos estão lavrados as fábricas irradiam
E o trigo faz o seu ninho numa vaga enorme
A seara e a vindima têm inúmeras testemunhas
Nada é simples nem singular
O mar espelha-se nos olhos do céu ou da noite

A floresta dá segurança às árvores
E as paredes das casas têm uma pele comum
E as estradas cruzam-se sempre
Os homens nasceram para se entenderem
Para se compreenderem para se amarem
Têm filhos que se tornarão pais dos homens
Têm filhos sem eira nem beira
Que hão-de reinventar o fogo
Que hão-de reinventar os homens
E a natureza e a sua pátria
A de todos os homens
A de todos os tempos.


Gritar

Aqui a acção simplifica-se
Derrubei a paisagem inexplicável da mentira
Derrubei os gestos sem luz e os dias impotentes
Lancei por terra os propósitos lidos e ouvidos
Ponho-me a gritar
Todos falavam demasiado baixo falavam e
[escreviam
Demasiado baixo

Fiz retroceder os limites do grito

A acção simplifica-se

Porque eu arrebato à morte essa visão da vida
Que lhe destinava um lugar perante mim

Com um grito

Tantas coisas desapareceram
Que nunca mais voltará a desaparecer
Nada do que merece viver

Estou perfeitamente seguro agora que o Verão
Canta debaixo das portas frias
Sob armaduras opostas
Ardem no meu coração as estações
As estações dos homens os seus astros
Trémulos de tão semelhantes serem

E o meu grito nu sobe um degrau
Da escadaria imensa da alegria

E esse fogo nu que me pesa
Torna a minha força suave e dura

Eis aqui a amadurecer um fruto
Ardendo de frio orvalhado de suor
Eis aqui o lugar generoso
Onde só dormem os que sonham
O tempo está bom gritemos com mais força
Para que os sonhadores durmam melhor
Envoltos em palavras
Que põem o bom tempo nos meus olhos

Estou seguro de que a todo o momento
Filha e avó dos meus amores
Da minha esperança
A felicidade jorra do meu grito

Para a mais alta busca
Um grito de que o meu seja o eco.


A Curva dos Teus Olhos

A curva dos teus olhos dá a volta ao meu peito
É uma dança de roda e de doçura.
Berço nocturno e auréola do tempo,
Se já não sei tudo o que vivi
É que os teus olhos não me viram sempre.

Folhas do dia e musgos do orvalho,
Hastes de brisas, sorrisos de perfume,
Asas de luz cobrindo o mundo inteiro,
Barcos de céu e barcos do mar,
Caçadores dos sons e nascentes das cores.

Perfume esparso de um manancial de auroras
Abandonado sobre a palha dos astros,
Como o dia depende da inocência
O mundo inteiro depende dos teus olhos
E todo o meu sangue corre no teu olhar.

Ó Meus Irmãos Contrários

Ó meus irmãos contrários que guardais nas vossas
[pupilas
A noite infusa e o seu horror
Onde vos deixei eu
Com vossas pesadas mãos no azeite preguiçoso
Dos vossos actos antigos
Com tão pouca esperança que'a morte tem razão
Ó meus irmãos perdidos
Eu vou para a vida tenho aparência de homem
Para provar que o mundo é feito à minha medida

E não estou só
Mil imagens de mim multiplicam a luz
Mil olhares semelhantes igualam a carne
É a ave é a criança é a rocha é a planície
Que se misturam a nós
O ouro desata a rir ao ver-se fora do abismo
A água o fogo despem-se por uma única estação
Já não há eclipse na fronte do universo.

O Amor é o Homem Inacabado

Todas as árvores com todos os ramos com todas
[as folhas
A erva na base dos rochedos e as casas
[amontoadas
Ao longe o mar que os teus olhos banham
Estas imagens de um dia e outro dia
Os vícios as virtudes tão imperfeitos
A transparência dos transeuntes nas ruas do acaso
E as mulheres exaladas pelas tuas pesquisas
[obstinadas
As tuas ideias fixas no coração de chumbo nos
[lábios virgens
Os vícios as virtudes tão imperfeitos
A semelhança dos olhares consentidos com os
[olhares conquistados
A confusão dos corpos das fadigas dos ardores
A imitação das palavras das atitudes das ideias
Os vícios as virtudes tão imperfeitos

O amor é o homem inacabado


A de Sempre, Toda Ela

Se eu vos disser: «tudo abandonei»
É porque ela não é a do meu corpo,
Eu nunca me gabei,
Não é verdade
E a bruma de fundo em que me movo
Não sabe nunca se eu passei.

O leque da sua boca, o reflexo dos seus olhos
Sou eu o único a falar deles,
O único a ser cingido
Por esse espelho tão nulo em que o ar circula
[através de mim
E o ar tem um rosto, um rosto amado,
Um rosto amante, o teu rosto,
A ti que não tens nome e que os outros ignoram,
O mar diz-te: sobre mim, o céu diz-te: sobre mim,
Os astros adivinham-te, as nuvens imaginam-te
E o sangue espalhado nos melhores momentos,
O sangue da generosidade
Transporta-te com delícias.

Canto a grande alegria de te cantar,
A grande alegria de te ter ou te não ter,
A candura de te esperar, a inocência de te
[conhecer,
Ó tu que suprimes o esquecimento, a esperança e
[a ignorância,
Que suprimes a ausência e que me pões no mundo,
Eu canto por cantar, amo-te para cantar
O mistério em que o amor me cria e se liberta.

Tu és pura, tu és ainda mais pura do que eu
[próprio.



De Um e de Dois, de Todos

Sou o espectador o actor e o autor
Sou a mulher o marido e o filho
E o primeiro amor e o derradeiro amor
E o furtivo transeunte e o amor confundido

E de novo a mulher seu leito e seu vestido
E seus braços partilhados e o trabalho do homem
E seu prazer em flecha e a fêmea ondulação
Simples e dupla a carne nunca se exila

Pois onde começa um corpo ganho eu forma e
[consciência
E mesmo quando na morte um corpo se desfaz
Eu repouso em seu cadinho desposo o seu
[tormento
Sua infâmia me honra o coração e a vida.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Poema - O que se é o que se tem

Estamos na primeira postagem de nosso blog.
Então decidi expor um poema de meu amigo Leandro Barnabas, é um poema muito bom;



O que se é o que se tem

O que se é, é aquilo que se torna
O que se tem, aquilo que se ganha

O que se é, é aquilo que se modifica
O que se tem, aquilo que se perde

O que se é, é aquilo que trás conforto
O que se tem, aquilo que trás euforia

É ai onde encontra-se o humano, sem saída,
Alguns, procurando em pequenas coisas
Outros, procurando em grandes coisas
E outros, nas pequenas e grandes coisas
Coisas que os traga conforto ou euforia.