segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

lamentações de um Ícaro - Charles Baudelaire


E na terra sempre o rufião
É feliz,devasso e desnutrido;
Quanto a mim, meu peito é rompido
De abraçar as nuvens em vão.

Somente é graças aos faróis
Que reverberam muito além,
Que os meus olhos lassos só vêem.
Vagas lembranças de turvos sóis.

Em vão eu quis descobrir a arte
De meio e fim do céu achar;
Sob eu não sei que ardente olhar
Sinto que minha asa se parte;

Sonhando o belo que tortura
A sublime honra não terei, ao que cismo,
De dar o meu nome ao abismo
Que há de ser minha sepultura.

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